A pessoa aprende sobre sua experiência como corpo vivo e como manejar-se a partir de sua verdade somática, não separando mais mente e corpo. Esse autoconhecimento torna sua presença no mundo mais potente para si e nos ambientes de que faz parte.
O toque põe em contato, ativa aquilo que está desvitalizado, desorganiza o que está em excesso e auxilia na construção do que pede forma, criando assim um diálogo com o que está acontecendo. Ao receber o toque a pessoa se nutre do contato com sua própria excitação, aprende a nomear sensações a respeito de algo conhecido ou algo novo que se apresente. A Conversa Tátil é uma terapia pelo toque que prioriza comunicação para a construção da linguagem do corpo como algo vivo.
Na relação terapêutica o toque é uma referência de calor, tônus e interação, tanto para quem recebe como para quem toca. Ao ser tocada a pessoa é provocada a sentir-se: primeiro a partir do que recebe quando o terapeuta a toca e depois ao receber sua própria resposta no corpo é convidada a formar algo para si. O toque oferece companhia direta na maneira como uma pessoa organiza seus hábitos e construções emocionais, aproximando-a da sua interioridade e criando a possibilidade de lidar com seu funcionamento.
Na Conversa Tátil a pessoa participa ativamente do seu processo: nomeia o que sente no corpo (calor, vibração, excitação, fluxos, consistências), como está recebendo a si mesma e como isso a afeta emocionalmente. Nessa interação a pessoa aprende sobre sua realidade somática e se mune de recursos para se manejar. A Conversa Tátil é um processo de educação somática criativa.
“A PERDA da realidade somática é um dilema existencial corrente. Exortam-nos ‘sermos nós mesmos’, desenvolvermo-nos’, ‘sermos verdadeiros’. Muitos de nós, entretanto, não vivenciamos o significado dessas frases. Vivem por intermédio de imagens, mentalizando experiência ou intensificando-a com substâncias químicas, compromissos sociais, reclusão meditativa ou condicionamento físico. O autoconhecimento pode aumentar, mas não necessariamente a compreensão somática.” – Stanley Keleman: Corporificando a Experiência.1995
A vida do corpo é algo que não aprendemos a valorizar como sendo quem nós somos. Somos ensinados a ser uma máquina que ancora uma subjetividade.
Viver corporificado é estar apropriado da experiência viva que nos diferencia uns dos outros. É estar de posse da verdade somática e ter a possibilidade de construir uma vida pessoal única.
Fabiana Deus e Julia Landgraf Pupo
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